Um autor disse...

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"A não-violência absoluta é a ausência de danos provocados a todo ser vivo. A não-violência, na sua forma activa, é uma boa disposição para tudo o que vive. É o amor na sua perfeição." Mahatma Gandhi

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Texto 2- tema : Violência

Divulgação da Informação

Se a violência existe e que está presente entre todos não há dúvida, até porque a imprensa não deixa ninguém esquecer isso por muito tempo. O fato é que os meios de comunicação exploram determinados assuntos enquanto estes gerarem lucro estarão sendo falados e outros fatos de importância deixados de lado.
            Segundo a reportagem de Carlos Vogt pesquisas acadêmicas sobre a veiculação da violência na mídia apontam para uma dramaticidade exagerada e para uma manipulação da informação, “existe uma super-exploração dos crimes violentos contra a pessoa, como chacinas, homicidas e sequestros”.
            Um exemplo disso pode citar a tragédia em Realengo, a mídia dramatiza e exagera no fato. Há uma reportagem da revista veja que começa com a seguinte frase “Para os pais de Realengo, a quinta-feira ainda não terminou”. Realmente ela não terminou porque os meios de comunicação fazem questão de deixar esse fato tão lamentável presente,você acorda e dorme escutando sobre este assunto e um dia depois de muito escutar sobre, ele some e nunca mais é citado; não porque a mídia está querendo explorar mais assuntos e sim porque agora o fato já não gera capital e então não merece mais atenção.
            Casos como a violência contra crianças, que são os maiores dos que as divulgadas pelos órgãos só merecerão destaque quando alguma tragédia acontecer, primeiro é preciso que o  fato seja melodramático.
            A violência é um assunto muito amplo e não pode ser presa a apenas um tema. E é isso que os meios de comunicação fazem. O filosofo Robson Sávio Reis, acredita que  ao invés da mídia espelhar as contradições e conflitos na sociedade, ela banaliza a informação. “Dois terços da humanidade vivem na miséria, que é uma das mais cruéis formas de violência  “ e nem por isso esse fato é divulgado e abordado como merece. Certos assuntos somente serão discutidos pela sociedade quando a mídia determinar que estes os ofereceram vantagens.
  Danyele Ferreira

Texto 1- tema : Violência

 Um pouco mais de credibilidade para com as notícias


No dia-a-dia, ao ver o noticiário, as principais noticias que aparecem são relacionadas à violência e suas ramificações (domestica, na rua, no trabalho, infantil).  Muitas vezes, com a ajuda da mídia, as noticias se espalham em uma grande proporção e um caráter um tanto “mentiroso”. Os meios de comunicação com o intuito de aumentar a audiência de seus programas, dramatizam de forma errônea as noticias apresentada e muitas vezes não as repassam da forma que realmente são. Nessa “historia” quem sai no prejuízo é a população que fica sem saber em quem confiar.
No entanto nem sempre é só a mídia que tem esse caráter “mentiroso”. Os órgãos públicos muitas vezes divulgam dados adulterados para poderem fazer uma boa “campanha“ de um determinado índice. Como por exemplo, em Ribeirão Preto, em que os índices de violência contra crianças não foram divulgados de maneira análoga a obtida na realidade pela pesquisa. Essa negligencia compromete o bom funcionamento de órgãos públicos, que através destes dados, tomam medidas reversivas para tal situação.
No dia 07 de abril a “Tragédia em Realengo” chocou o Brasil. A mídia, numa tentativa desesperadora de “cobrir” esse evento na integra, explorou em todas as direções o fato. Em sua primeira atitude, explorou o fato como um todo, após ver que não tinha mais nenhuma notícia em “mãos” começou a explorar o lado emocional das famílias de uma forma muito dramática, tornado seu sofrimento ainda maior e expondo as vítimas por completo.
Portanto, para que a mídia retorne a seguir seu preceito inicial (passar a noticia como ela é) tem que haver uma mobilidade da população (que é a mais afetada nessa “história”) para que possamos receber as notícias em nosso dia-a-dia de forma séria e verdadeira, com a certeza de que elas não estão sendo manipuladas ou forjadas.

Lucas Antonio Silva

Reportagem 3_ tema: Violência

Para os pais de Realengo, a quinta-feira ainda não terminou

Famílias e alunos tentam voltar aos poucos à escola Tasso da Silveira, onde direção e professores lutam para tentar apagar as marcas do massacre

Homenagens no muro da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio

Homenagens no muro da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio (Selmy Yassuda)

“A primeira coisa foi retirar os projéteis, apagar as marcas físicas. Agora, começamos a mudança dos espaços de dentro da escola. Depois, a limpeza psicológica”, diz o diretor Luís Marduk

A semana na escola Tasso da Silveira, em Realengo, não começou. O calendário sofrerá alterações para que o ano letivo seja percorrido com calma, sem atropelar o trauma vivido pelas crianças naquele lugar. No colégio, a quinta-feira, quando Wellington Menezes de Oliveira matou 12 estudantes, ainda é uma lembrança viva no rosto de pais e de funcionários da escola. A sensação é de que ninguém acordou desde aquele dia, por não ter dormido. A sonolência, a vagarosidade e o cansaço são a cara da primeira semana após o massacre.

Robson Moreira Atanásio, de 37 anos, foi à escola na segunda-feira para tentar entender o incompreensível para um pai. A lembrança de sua filha Larissa dos Santos Atanásio, de 13 anos, morta na quinta, o levou a percorrer a instituição e imaginar o ocorrido. Ele se esforçou para visualizar as crianças se protegendo e sendo alvo fatal de Wellington. “Fiquei sabendo que ela estava deitadinha, olhando para o alto, com o rosto apoiado sobre as mãos”, contou Robson.

O pai levou Larissa à escola na terça e na quarta-feira da semana passada. Na quinta, recebeu um telefonema do irmão, que avisava de um louco atirando no colégio. “Não imaginava que era nessa proporção. Não sabia que ele estava ali para matar crianças inocentes”, diz. No caminho para Realengo, a revelação de que sua filha havia morrido. “Deus falou que ela estava com Ele, e era Ele quem ia cuidar da minha filha agora. Foi então que caí no choro.”

Atrás de onde Robson falava sobre Larissa, a visão era do muro da escola. Em uma das faixas penduradas estava dado o recado: “Os fortes usam o amor, os fracos usam as armas”. Os vasos de plantas deixados na porta do colégio se aglomeram. As flores murchas dividem o espaço com as novas, indicando que a marca deixada por Wellington não é passageira.

Vigília – Suyane da Silva, de 14 anos, uma das amigas de colégio de Larissa, não quer deixar a porta da instituição. Todos os dias, ela implora para ir ao local. A mãe da menina, Suely da Silva, de 41 anos, pediu que Robson conversasse com Suyane e insistisse que ela ficasse em casa. Das mãos do pai de sua amiga, Suyane viu fotos de Larissa e combinou de passar em sua casa. A corrente solidária é uma tentativa de restabelecer a vida.

Em seguida, mãe e filha vão na direção de Nilza da Cruz, de 63 anos, avó de Karine Lorraine de Oliveira, de 14 anos, morta no massacre. Quando as aulas voltarem, Suyane já combinou com o pai de passar o horário de aula ao seu lado, caso ela queira voltar antes para casa. “Vai mudar a nossa rotina, até que ela se sinta segura de novo”, conta Suely.

As mudanças na escola se iniciam aos poucos. São transformações físicas para tentar apagar a tragédia que está no seio da instituição. Essa geração da Tasso da Silveira nunca mais se esquecerá daquele homem estirado no chão da escadaria. Aquele lugar, localizado em uma pacata Rua de Realengo, foi cravejado. “A primeira coisa foi retirar os projéteis, apagar as marcas físicas. Agora, começamos a mudança dos espaços de dentro da escola. Depois, a limpeza psicológica”, diz o diretor Luís Marduk.

Cecília Ritto

Reportagem 2_ tema: Violência

Mídia dramatiza a violência, dizem pesquisadores

A violência, enquanto fato jornalístico, está sempre presente na grande imprensa, como no caso dos conflitos entre israelenses e palestinos, no Oriente Médio, ou do assassinato do presidente norte-americano John Kenedy, nos EUA. Além disso, alguns programas de TV, como o Linha Direta, da Globo e o Cidade Alerta, da Record, são inteiramente voltados para a violência urbana cotidiana. Eles tiveram um precursor no rádio com o apresentador Gil Gomes. Pesquisas acadêmicas sobre a veiculação da violência nos meios de comunicação apontam para uma dramaticidade exagerada e para uma manipulação da informação.

Em junho deste ano, o jornal Folha de São Paulo e a editora Rocco promoveram um evento para lançamento do livro Linguagens da Violência, com um debate sobre o assunto. A pesquisadora Elizabeth Rondelli, do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação da UFRJ, é uma das organizadoras do livro. Na análise da cobertura dos fatos violentos pelos meios de comunicação, ela concluiu que os que mais causam comoção na opinião pública envolvem a participação da polícia. Os exemplos que a pesquisadora apresenta são as chacinas no presídio de Carandiru, em São Paulo, quando 111 presos foram mortos por policiais em 1992, e na Candelária, no Rio de Janeiro, quando policiais mataram oito meninos de rua em 1993.

Além disso, ela afirma que os meios de comunicação operam como macrotestemunha social e dão uma visibilidade exagerada da violência para o público. "A mídia interfere no fato, dramatiza e exagera na cobertura do episódio violento", observa Rondelli.

Um dos debatedores convidados para o evento foi o sociólogo Túlio Kahn, docente da USP e coordenador de pesquisas do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud). Ele apresentou dados de pesquisas do Ilanud, segundo as quais, a escolha do tema das páginas policiais da Folha de São Paulo e do Jornal do Brasil estariam influenciando na relação do leitor com a violência. Segundo Kahn, 10% das notícias policiais daqueles jornais, de 97 a 98, abordavam sequestros; e pesquisas de opinião pública revelam que, mesmo em camadas mais baixas da população, o medo de sequestro está entre os maiores. "Existe uma superexploração dos crimes violentos contra a pessoa, como chacinas, homicídios e sequestros", afirma o sociólogo. Ele aponta o exemplo recente da exploração do sequestro de Patrícia Abravanel, filha de Sílvio Santos, acompanhado por milhões de espectadores pela televisão.

“A mídia é uma das mais contundentes formas de se propagar e exaltar a violência", diz o filósofo Robson Sávio Reis Souza, diretor geral da Secretaria Adjunta de Direitos Humanos de Minas Gerais. Ele menciona uma pesquisa feita pela Unesco em 23 países, incluindo o Brasil, cujos resultados mostram que a violência na mídia pode funcionar como compensação de carências em ambientes problemáticos e como fator de emoção onde não há problemas. Segundo o filósofo, a mídia, que deveria espelhar as contradições e conflitos na sociedade, banaliza a informação. "Dois terços da humanidade vivem na miséria, que é uma das mais cruéis formas de violência", afirma Souza. "A onipresença da violência na mídia estimula muito mais as ações violentas para a resolução de simples conflitos cotidianos do que atos pacíficos e de respeito aos outros e a si mesmo", conclui.

Os programas de TV que se dedicam exclusivamente à veiculação da violência urbana no Brasil têm atingido altos índices de audiência. Segundo uma pesquisa do Ilanud, de todos os programas do gênero, o Cidade Alerta, da TV Record, é o noticiário que trata a criminalidade com mais sensacionalismo. Antes do Cidade Alerta, a emissora já havia colocado no ar, até 1988, a versão televisiva do Programa Gil Gomes.

Uma pesquisa de mestrado de Maria Tereza da Costa, analisou esse precursor dos programas policiais da televisão: o Programa Gil Gomes, da rádio Record de São Paulo. A pesquisa, posteriormente publicada no livro O Programa Gil Gomes - A Justiça em Ondas Médias, também faz uma análise da receptividade do público, através de cartas dos ouvintes. "Esse não é um programa policial comum", comenta a pesquisadora. "Ele cria uma história e a dramatiza a partir de crimes do cotidiano". Segundo ela, o apresentador reveste de ficção a realidade vivida por pessoas das classes populares, ao recontar de forma melodramática o cotidiano que as envolve. As cartas de ouvintes como donas de casa, empregadas domésticas, presidiários e policiais, além de mostrar indignação pela crescente criminalidade urbana, buscam opinar sobre as possíveis causas da violência. A pesquisa mostra que alguns ouvintes vêem a violência como um ato de revolta contra a desigualdade social, e outros, como uma estratégia de sobrevivência.

Carlos Vogt

Reportagem 1_ tema: Violência

Violência contra crianças é maior que estatísticas

Uma pesquisa inédita realizada por professores do Departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto mostrou que o número de casos de violência contra crianças é maior do que as estatísticas divulgadas pelos órgãos oficiais. O trabalho também mostra que, diferentemente do que muitas pessoas pensam, a violência doméstica atinge todas as classes sociais.

A professora e psicóloga Marina Rezende Bazon pesquisou a violência doméstica contra crianças em escolas públicas e privadas de 25 cidades da região. As entrevistas foram feitas com os professores porque, segundo a pesquisadora, eles conseguem identificar melhor os sinais de maus tratos.

A taxa de violência infantil encontrada na pesquisa foi maior do que a divulgada pelos órgãos oficiais. Em Ribeirão Preto, por exemplo, em média, 5,7% das crianças, de zero a dez anos sofrem maus tratos.

A pesquisa revelou que as cidades com taxas mais altas de violência são as possuem menor número de moradores. Na região de Ribeirão Preto, em Santa Cruz da Esperança, 10% das crianças entre zero e dez anos são vítimas de violência doméstica. Já em Santo Antônio da Alegria, o índice é de 9% e, em Dumond, de 7%.

Os dados mostram também que em Ribeirão Preto 8% das crianças de zero a seis anos sofrem mais com a negligência. Já 3,9% das crianças na faixa entre sete e dez anos são vítimas de agressões físicas. Segundo a psicóloga, a violência infantil é registrada em todas as classes sociais, com a mesma probabilidade.

Marina Rezende Bazon compara a gravidade dos números revelados na pesquisa com o índice de Aids no Brasil. “A taxa de casos Aids no Brasil chega a 0,65%. E só em Ribeirão Preto, a taxa de violência infantil é de 5,7%”, analisa.

Os números mostrados na pesquisa são comprovados nos abrigos da cidade. No Centro de Apoio a Criança Vitimizada de Ribeirão Preto (Cacav), que atualmente abriga 55 crianças vítimas de violência doméstica, a capacidade é para 50 crianças e adolescentes entre dois e 18 anos. A casa recebe, em média, dez novos casos por mês. De todos as crianças atendidas neste ano, em 57% dos casos, o motivo era a negligência dos pais.

A coordenadora técnica do Cacav, Marilda Cardoso de Almeida Iara, diz que a função do abrigo é fazer com que os pais se cheguem a um entendimento com os filhos. “Nós tentamos resgatar esse vínculo, ou seja, ensinar pais a atuarem como pais”, explica.

Muitos casos de agressão infantil não são denunciados, diz delegada

Cerca de 40% de todas as ocorrências registradas por mês nas delegacias do Estado do Rio de Janeiro são de agressão infantil. Dados do Disque-Denúncia revelam que o maior número de casos é registrado na Baixada Fluminense. Apesar de alto, esse número está longe de ser a realidade. De acordo com a delegada Renata Teixeira Dias, responsável pela Delegacia de Proteção a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência (Decav), muitos casos não são denunciados:

- Essas pessoas procuram manter o fato dentro de casa, fora da delegacia. A gente não toma nem conhecimento de muitos.

Ainda segundo a delegada, apenas 1% das denúncias são feitas pelas vítimas. Para ela, o motivo seria o medo de sofrer algum tipo de repreensão. Como ela não não entende que está sendo abusada, acha aceitável

- Na maioria dos casos são os pais ou os companheiros dos pais os principais agressores das crianças.

Pena pequena para crime grave

A delegada também chamou atenção para a punição prevista para quem é acusado de violência infantil. No caso de maus tratos a pena varia de dois meses a um ano. Se a agressão resultar em lesão corporal de natureza grave, a pessoa pode pegar de 1 a 4 anos. Já no caso de morte, o agressor pode ser condenado de 4 a 12 anos.

- A punição é até leve, infelizmente – lamentou a delegada.

Jornal A Cidade e O Globo